O Transtorno do Espectro Autista (TEA) gerou muitas discussões e avanços nos últimos anos, mas ainda existe uma lacuna importante: a abordagem das dificuldades emocionais e o impacto delas na saúde mental, como a depressão e o risco de suicídio. Esse é um tema delicado, mas urgente
Por trás da terminologia, os desafios permanecem
Ao longo dos anos, a terminologia relacionada ao TEA mudou. Termos como “Síndrome de Asperger”, “autismo de alto funcionamento” e “autismo leve” deram lugar ao “autismo nível 1 de suporte”. No entanto, os desafios enfrentados por essas pessoas permanecem os mesmos
Um dos maiores problemas é o mito de que indivíduos com TEA enfrentaram dificuldades. Essa ideia invisibiliza os desafios comportamentais, sociais e sensoriais vívidos diariamente, especialmente em uma sociedade que exige a conformidade com normas que nem sempre fazem sentido para eles.
O peso do mascaramento e os impactos na saúde mental
Pessoas com TEA utilizam frequentemente o mascaramento — um esforço consciente para mascarar suas dificuldades sociais, sensoriais e motoras. Esse esforço contínuo de adaptação pode ser exaustivo e, muitas vezes, leva ao adoecimento.
Estudos mostram que indivíduos com TEA têm quatro vezes mais chances de desenvolver depressão ao longo da vida. A vulnerabilidade cognitiva é ainda maior entre aqueles com habilidades preservadas, segundo uma pesquisa publicada no Journal of Abnormal Child Psychology . UM
Desigualdades no diagnóstico e no cuidado
Dados apont
O risco de suicídio em números
Um estudo publicado no Autism Research analisou
O risco foi ainda mais alarmante entre mulheres com TEA, que apresentou uma probabilidade três vezes maior de cometer suicídio em comparação com mulheres neurotípicas. Esses números nos alertam sobre a necessidade de atenção especial a esse grupo.
O que podemos aprender?
É essencial que, como sociedade, desenvolvamos um olhar mais empático. Precisamos abandonar o preconceito e entender que o que julgamos como “atípico” é, na verdade, uma manifestação única e legítima.
O desafio está em nós: ao nos depararmos com o que nos causa estranheza, devemos buscar compreensão e respeito, valorizando a individualidade.
Concluindo
Falar sobre saúde mental e suicídio em pessoas com TEA é urgente. É necessário abrir espaço para discussão empática e inclusiva, limitando as especificidades e dificuldades dessa população. Apenas assim seremos capazes de construir uma sociedade mais acolhedora e respeitosa para todos.
Fernanda Mappa
Psiquiatra da Infância e da Adolescência
Referências
- Índice de suicídio pode ser até 10 vezes maior entre pessoas com autismo – Acesso em 19/10/2024 .
- Freitas FAC de, Caixeta AFT, Aleixo MA. Transtorno do espectro autista nível 1 como fator de risco para suicídio em uma criança: relato de caso . Debates em Psiquiatria [Internet]. 15 de julho de 2024 [citado em 19 de outubro de 2024]. Disponível em : revistardp.org.br .
- Depressão e suicídio no autismo – Acesso em 19/10/2024 .